Château de Picomtal: o piso revela o seu segredo

Esta é a história de um crime, e de uma aldeia que teria preferido manter esse crime em segredo para sempre. Os habitantes teriam conseguido se um piso não tivesse cedido e revelado o segredo sombrio sob o chão do castelo adjacente.

A história se passa no final do século XIX. Edificado nas encostas íngremes dos Alpes, o pequeno castelo Picomtal ergue-se acima da aldeia de Crots, na França. A ferrovia que ligará a aldeia ao resto do país ainda não foi construída.

1880

Mas as mudanças que acompanham a modernidade já são palpáveis ​​por toda parte: os preços dos alimentos disparam e causam dificuldades para a população; os jovens emigram. O que resta é uma atmosfera opressora entre ódio, inveja e desejo de felicidade.

Foi então que Joachim Martin, um carpinteiro de 38 anos, recebeu a tarefa de colocar novos pisos de parquete no castelo. Joachim vê nisso uma oportunidade de relatar o que todos sabem, mas que ninguém quer falar na aldeia.

©Wikipedia/Fr.Latreille/CC BY-SA 3.0

"Feliz mortal!" ele observa: "Quando você ler isso, terei partido". Mas isso não está escrito em uma carta ou no diário de Joachim. Isso está na parte de trás das tábuas que ele está montando no chão. Joachim tem certeza: quando este piso for reformado, ele já estará morto há muito tempo. Tudo é ainda mais interessante porque são relatos e testemunhos dos acontecimentos da aldeia.

Parquet Versaillaises

Na verdade, suas anotações ficaram escondidas até o ano 2000, quando um extenso trabalho de restauração estava em andamento no Castelo Picomtal. Desde então, foram encontrados 72 pedaços de madeira escritos a lápis; 4000 palavras que contêm monstruosidades.

"Em 1868, eu estava passando por um estábulo à meia-noite. Ouvi gemidos. Era a amante do meu amigo de infância, dando à luz", escreveu ele em um quadro. "E o estábulo se tornará imediatamente o túmulo do bebê."

Benjamin, o ex-amigo do instalador de piso, matou o filho bastardo com as próprias mãos. Mas isso não para por aí. Ao longo dos anos, a amante de Benjamin dá à luz seis filhos, quatro dos quais foram enterrados no estábulo pelo pai.

Joachim fica chocado, mas não pode revelar o que viu a ninguém: a mãe de seu amigo de infância é amante de seu próprio pai. Além disso, os repetidos assassinatos de crianças são conhecidos em toda a aldeia. As pessoas simplesmente preferem não comentar a respeito.

Muitas coisas permanecem em silêncio. O fingimento está na ordem do dia na aldeia. Mesmo quando Benjamin, o assassino de crianças, seduz a esposa de Joachim, este não tem escolha a não ser engolir sua raiva.

Høyonn i Vudduaunet (ca. 1905)

É apenas no castelo, enquanto corta as tábuas, que Joachim pode colocar sua mágoa para fora. Ele não escreve apenas sobre os assassinatos das crianças, mas sobre todas as coisas que o tornaram amargo.

Por exemplo: o padre da aldeia. Ele comenta o segredos mais íntimos do confessionário - com que frequência, com quem e em quais posições as pessoas fazem sexo; o que as satisfaz, etc. Por fim, o padre é também um charlatão incompetente responsável pela perda do olho de um dos filhos de Joaquim. "Devíamos enforcar aquele porco!", se enfurece o carpinteiro.

No entanto, Joachim admite que não estava isento de toda censura. Para a posteridade, ele escreve: "Seja mais sábio do que eu era entre as idades de 15 e 25 anos, quando vivia apenas para o álcool, não fazia nada e desperdiçava muito."

Com os seus testemunhos honestos que não medem as palavras, o colocador de piso de Crots deixou um documento único. O que permaneceu escondido sob o piso do Castelo Picomtal por mais de cem anos oferece um vislumbre da vida difícil e dos segredos obscuros de uma população rural dilacerada no século XIX.

For Jeff: Water Damage Pictures

Hoje, o Chateau de Picomtal é um hotel maravilhoso. Não sabemos que outros segredos se escondem sob o piso, porque, até agora, apenas parte do terreno foi renovada. Podemos, portanto, ficar curiosos para saber o que Joachim Martin ainda tem a dizer.

A vingança é doce. E a vingança de um carpinteiro às vezes pode atravessar os tempos.

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Fonte: wort, bbc

Imagem de capa: ©flickr/Kristine

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